Haiti:A Tragédia Que Nos Une

7 graus na escala de Richter.
As notícias de grandes desastres costumam vir da Ásia,do Oriente.
A distância sempre nos redimiu generosamente.
Tsunamis e maremotos,tempestades e vulcões,o mundo sendo engolido num instante, pertenciam ao terreno das fábulas,das lendas,das histórias de aventura ou dos truques sempre bem tramados por hollywood.
De algum modo nos imaginávamos imunes  a estas crueldades naturais.
Que nada, a tarde aqui em Porto Alegre,nesta última terça-feira, transcorreu exatamente igual a tantas outras de um verão absurdamente quente.Dizem os ambientalistas que o aquecimento é culpa do carbono,outros juram de pés juntos que os pinguins serão nossos herdeiros,se sobrar alguma terra depois de dezembro de 2012.
Não tenho bola de cristal e mal cuido das duas que Deus me deu.Portanto,deixemos esta discussão para outro momento menos atribulado.
Também foi uma terça-feira para perder-se o rumo.
No país mais pobre de nossa já pobre América Latina (o que esta ruim,sempre pode ficar pior), um tremor de terra,implacável,destruidor,levou em 30 escassos segundos a vida de pelo menos 10 mil pessoas.


As fotografias que inundam e ilustram as lucrativas páginas dos jornais e emolduram as repetitivas reportagens televisivas, apropriam-se a dor e a transformam num horripilante espetáculo de insensibilidade,em nome do lucro fácil.
Corpos prensados por pesadas lages de concreto, o vermelho sangue de gente como a gente e os escombros de um país colocado diante da fatalidade ainda produzem repercussões de muitos a dizer que aquilo que ali esta "não é com a gente".Que a ajuda apressada,que o socorro melhor seriam exercidos logo aqui,onde um buraco faz com que o carro balance um pouco mais,ou onde uma luminária não funciona.Cada um insiste em apresentar o próprio umbigo como carente deste ou daquele linimento.É triste e causa vergonha observar como andam algumas escalas de valores humanos.


O que há alguns instantes fora uma milagrosa manifestação de vida,agora esta ali,capturado como uma pasta disforme e sem expressão,mas com o dedo em riste nos apontando  toda a culpa pela omissão,enquanto ainda temos coragem para nos pronunciarmos como seres humanos.
Estes miseráveis,são nossas misérias que voltam-se a nos cobrar pela tardia ajuda,pela paralisia na solidariedade suplicante aos que tem fome,pelas tantas injustiças produzidas e comemoradas como nectar de paraíso pelas modorrentas discussões políticas,das tantas fronteiras de nossos egos gorduchos.
É,o Haiti é mais uma grande oportunidade nos dada pela providência, para que permitamos, talvez, uma derradeira reflexão sobre nossas idéias de humanidade.
É uma tragédia.
Uma tragédia que nos une.

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