O Mundo Grátis

Autor de Free fala sobre possibilidade de oferecer bens e serviços digitais a custo zero

Deborah Solomon

THE NEW YORK TIMES MAGAZINE

Nascido em Londres e criado em Washington, Chris Anderson, descendente de Jo Labadie, um dos fundadores do movimento anarquista americano, não renegou suas origens. Aos vinte e poucos anos, abandonou a Universidade de Maryland e passou parte da década seguinte tocando em bandas de punk rock. Depois, voltou a estudar em George Washington e conseguiu a graduação em Física.

Acusado de plagiar conteúdo da Wikipedia em seu livro Free: the future of a radical price (Gratuidade: o futuro de um preço radical, em tradução literal) Anderson respondeu em seu blog que havia desentendimentos com a editora quanto às citações do site, devido à sua natureza mutável. Editor-chefe da revista americana Wired, atualmente, vive com a mulher e quatro filhos em Berkeley, California.

Como editor da revista Wired e defensor da vida online, você escreveu um livro controverso, Free, que diz que as empresas podem lucrar oferecendo produtos e serviços digitais de graça.

É paradoxal. Oferecendo gratuitamente produtos para muitas pessoas, você pode ganhar dinheiro. Serviço gratuito é a maior ferramenta de marketing que existe. Ela permite que você mostre para um enorme público o que você faz, e depois a pergunta é: Quem vai pagar? O Google é o garoto propaganda de ferramenta gratuita. É uma das empresas mais lucrativas dos EUA, mas não aparece na fatura do seu cartão de crédito.

Vários críticos já destacaram falhas no seu argumento, citando o YouTube como um exemplo de uma ferramenta muito popular que está perdendo muito dinheiro.

O YouTube é do Google e hoje perde dinheiro. Mas o Google atingiu algo extraordinário, que é um público que vê TV na internet. O problema com o YouTube não é que ele custa muito para mostrar aqueles vídeos, mas que não encontramos uma maneira de migrar os anúncios de televisão tão rapidamente quanto o público televisivo migrou.

Por que não apenas vender assinaturas, como no modelo da HBO, o que prova que as pessoas estão dispostas a pagar por qualidade?

O conceito original de super-rodovia de informação do início dos anos 90 ia ser exatamente esse. Passaram-se 15 anos, e o mercado falou. O mercado quer serviços gratuitos. Os consumidores querem gratuidade, e se você decidir montar um serviço de assinatura, seu competidor vai fazer um gratuito.

O que incomoda é que ninguém quer pagar por mais nada; por isso estamos em meio a uma recessão econômica.

Você vê uma geração indo para o ambiente online esperando as coisas de graça, desde suas páginas no Facebook até os downloads de músicas e videogames. Não acho que isso seja causado por nenhum direito de posse, mas por uma compreensão nata do mercado digital.

Você foi acusado recentemente de plagiar a Wikipédia em inúmeras passagens de seu livro, e me pergunto se você vê o plágio como uma extensão de sua tese.

Gostaria de poder explicar todas as minhas ações de uma forma intelectualmente consistente, mas essa é simples negligência. Há perguntas sobre se alguém deve citar Wikipédia, e sou dos que acham que você deve.

Nesse contexto, seu livro parece um ataque, ou pelo menos uma trivialização do passado da sua família, glorificando livre empresa em lugar de liberdade política.

Ou uma afirmação implícita. Sou libertário, com l minúsculo, por favor. Pessoas livres, mercados livres.

Talvez pelo fato de você ter cinco filhos você queira mais coisas grátis.

Não funciona dessa maneira. Você não tem um bom desconto pelas crianças. Mas eu provavelmente devia ser mais esperto ao usar minha força de trabalho.

Domingo, 02 de Agosto de 2009 - 00:00

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